Chegamos na Capital já no fim do dia e mesmo assim o calor estava absurdo. Escolhemos o Queen Wood Hotel por ter piscina e foi lá que passamos o resto do dia descansando. O hotel fica super bem localizado e tem cozinha 24 horas e aproveitamos para jantar por lá também. Muito cuidado na hora de escolher hotel baratinho em Phnom Penh pois a prostituição é de certa forma permitida por lá e muitos desses hotéis acabam servindo para outras coisas.
Por coincidência estava rolando o Water Festival na cidade então fomos dar uma volta a noite. Estava tudo bem cheio e movimentado e vimos de longe os fogos e no caminho de volta para o hotel os bares estavam super cheios e cheios de prostitutas na porta – algumas aparentando ser bem novas. Não me senti insegura ou com medo nenhum momento. Uma curiosidade é que a maconha é liberada no Camboja, mas não para fumo e sim como ingrediente de receitas. Quando ver no cardápio de vários lugares as chamadas “Happy Pizzas”, já sabem qual é o recheio!


No dia seguinte fomos visitar alguns templos começando pelo Wat Phnom. Antes de subir tem um lugar para comprar o ingresso ($1) mas muita gente nem se quer vê pois fica escondido (esse valor é somente para estrangeiros). No Camboja a moeda oficial é o Cambodian Riel (1AUD = 2500KHR) porém em todos os lugares os valores estarão em dólares americanos o que não torna o país tão barato quanto os outros do sudeste asiático. Você paga em Dólar e eles te dão o troco em Dólar e Riel, basicamente usam o Riel como os “centavos” do Dólar por não terem moedas.

De lá fomos até o Wat Ounalom, um dos principais templos budistas do Camboja. Continuamos caminhando e passamos pelo National Museum antes de chegar ao Royal Palace que infelizmente estava fechado para visita, talvez por conta das festividades que estavam acontecendo na cidade.




Andamos mais um pouco até o Botum Vatey Pagoda, lá vários políticos e pessoas importantes da cidade estão enterradas. Achei as estruturas lindas e cheias de detalhe e depois descobri que cada uma delas é um túmulo e só então reparei que tinham fotos e alguns dados.


Estava um calor sem fim nessa cidade! Passamos pela King Statue e o Independece Monument antes de continuar nossa caminhada até o lugar principal que queríamos ir: Tuol Sleng Genocide Museum ($2).

O Camboja tem uma história muito forte, triste e recente – tudo aconteceu cerca de 30-40 anos atrás. O que hoje é um museu foi uma prisão na época de Khmer Rouge, um governo criado a partir de um partido comunista que matou muita gente nos anos 70. Todas as escolas do país foram transformadas em prisões para que o povo não aprendesse mais nada e aceitasse esse novo governo. Aqueles que muito sabiam, eram mortos ou acabavam tendo que trabalhar para Khmer Rouge. O lugar está conservado como era antigamente, nada de grandes reformas, apenas o suficiente para deixar o prédio em pé.

São 4 prédios de 3 andares cada que hoje abriga relatos de pessoas que fizeram parte desse genocídio, história horríveis e emocionantes. Algumas salas ainda mantém as camas que eles dormiam, as celas – de madeira, ferro ou barro – que eles ficavam e em diversos lugares ainda é possível ver marcas de sangue no chão e paredes. Uma energia super pesada, me lembrou de quando visitei o Campo de Concentração em Auschwitz na Polônia.


No final, assistimos um vídeo que contou um pouco mais da história e conhecemos um dos 7 sobreviventes: Mr Chum Mey. Super emocionante, sai de lá chorando horrores, estejam preparados! No caminho de saída, em uma das salas havia diversos crânios das pessoas que foram mortas com a descrição da forma que tudo aconteceu. O que me chocou também foi saber que isso foi um genocídio comandado por pessoas do mesmo país, eram cambojanos matando cambojanos.

Depois de 3 horas de muita tristeza voltamos caminhando para o hotel. Era tanto tuk tuk oferecendo corrida que acabamos decidindo ir a pé mesmo, menos stress. Compramos uma água e sorvete no supermercado – depois de 3 semanas viajando foi o primeiro que vimos no sudeste asiático, uma alegria.

Ficamos um pouco na piscina enquanto esperávamos nossos amigos chegarem – aqueles que conhecemos no Vietnã: Matthew, Elissa e Clarissa. Jantamos de novo no hotel e fomos na loja de conveniência Smile na frente do hotel tomar umas cervejas.


A Clarissa tem um amigo que mora em Phnom Penh e no dia seguinte ele e uns amigos dele nos levaram de tuk tuk no que foi tão triste quanto o museu: Killing Fields ($6 com aúdio explicativo)!

O lugar era para ser algo bonito e calmo se não fosse o acontecido ali. Milhares de pessoas eram mortas e tinham seus corpos jogados em buracos por toda a área. Como é tudo muito recente eles nunca terminaram de escavar a região e você caminha entre ossadas de pessoas no chão, além de pedaços de roupas e sapatos. Nada colocado ali para impressionar, somente a realidade que choca, a (in)capacidade do ser humano.


A parte que mais me chocou, e desculpa relatar aqui, foi uma árvore que era utilizada para espancar e matar bebês. Sim, você leu certo! No final tem mais uma enorme área com crânios e mais pra frente descobri que tem isso em diversos outros lugares como templos para que as pessoas nunca esqueçam e cometam esses mesmos erros. Sem mais descrições desse lugar! Vamos amar ao próximo, que tal?


Saimos de lá super carregados e fomos tomar uma cerveja no Irish Pub para relaxar, já perto do hotel. Depois aproveitamos para ir comprar a passagem para Siem Reap – nos foi recomendado ir de van e não de ônibus pois eles vão parando muito na estrada (mesma coisa do Vietnã) já que ganham comissão dos estabelecimentos. Pagamos $10 e nos buscariam na porta do hotel no dia seguinte. Tomamos mais uma cervejas no Smile de novo e ficamos o resto da noite na piscina do hotel. Jantamos por lá, vimos os fogos de encerramento da piscina e assim acabou o dia. Phnom Penh é um lugar sensacional, cheio de história que vale muito a pena conhecer para refletir sobre vários fatores da vida.



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